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EUA (Estados Unidos da América)

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Mensagem  TIT@ Sáb Jan 17, 2009 2:55 pm

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EUA (Estados Unidos da América)

A presença portuguesa nos EUA é anterior ao século XVI. A prova deste facto é o chamado Mapa de Cantino (1502), a cópia de um mapa português obtida em Lisboa por um espião italiano. Neste Mapa, copiado entre Dezembro de 1501 e Outubro de 2002, está representada toda a costa da Flórida (ou Florida, em português), 18 anos antes do espanhol Juan Ponce de León aí aportar.O Mapa revela ainda que os portugueses já tinham cartografado a Terra Nova (Canadá), onde íam pescar bacalhau. Foi um português o primeiro navegador a explorar toda a costa leste dos EUA.

No século XVII formaram-se as primeiras comunidades de portuguesas. No século XIX, os imigrantes portugueses já estavam espalhados por todo o território norte-americano, concentrando-se em especial nas zonas costeiras, em localidades portuárias onde existem ou existiram importantes actividades pescatórias.

Séculos XVI/XVII. Na costa Oeste (Califórnia), o primeiro que aí terá chegado foi João Rodrigues Cabrilho, no século XVI, que foi também o primeiro europeu a explorar estas região.
Costa Oeste. A primeira comunidade de portugueses a estabelecer-se era de origem judaica. O primeiro de todos terá sido Matias de Sousa que chegou a Maryland em 1643.

Costa Leste. Nova Amesterdão (futura Nova Iorque) era em meados do século XVII, propriedade da Companhia das Indias Ocidentais da Holanda. Uma grande parte do capital desta companhia pertencia a portugueses residentes na cidade de Amesterdão. Foi aqui que em 1654 desembarcam no porto de um grupo de 23 judeus portugueses vindos do Brasil (Recife, Pernambuco), por temerem serem perseguidos pela Inquisição. O seu acolhimento ficou-se a dever à intervenção dos portugueses que estavam na Holanda.

Estes grupo, assim como os seus descendentes tiveram um papel muito importante nesta cidade. Em 1730 fundam aí a 1ª. sinagoga - a Shearith Israel - a única que esteve em funcionamento até 1825. Os seus livros de registo, cânticos e inúmeras palavras usadas nesta sinagoga são em português. Deve-se-lhes também a criação do primeiro cemitério judaico (Manhattan), fundado pelo rabino Mendes Seixas (1746-1816). Em termos políticos, sociais e econónicos este grupo e os seus descendentes foram muito activos: Em 1733, estão entre os primeiros a assinarem petição sobre a questão do Chá que desencadeou a Revolução Americana. Em 1768 são co-fundadores da Camara de Comércio de Nova Iorque. Em 1792, Benjamim Mendes Seixas foi um dos principais impulsionadores da criação da Bolsa de Valores (Wall Street). O rabino português Mendes Seixas fundou a Columbia University e o Hospital Mount Sinai. Os exemplos são muitos da vitalidade desta comunidade de judeus portugueses de Nova Iorque.

Quando os ingleses expulsaram os holandeses de Nova Iorque, uma parte da cidade foi dada a Dona Catarina de Bragança, rainha portuguesa da Grã-Bretanha.

Outros grupos de judeus portugueses começaram a chegar a partir de 1658, estabelecendo-se ao longo da Costa Leste, na Pensilvânia, Geórgia e Rhode Island. É nesta cidade que 1750 introduzem a pesca à baleia, dominada pelo português Aaron Lopez, nascido em Lisboa. Em 1759 fundaram em Newport, a primeira sinagoga dos EUA - Sinagoga do Touro. Recorde-se que a pesca da baleia foi uma das actividades que levou ao longo dos séculos muitos portugueses para os EUA, em particular os açorianos.

Século XVIII. A comunidade portuguesa não parou de aumentar no século XVIII. Muitos marinheiros portugueses lutaram então pela Independência dos EUA. Entre os que se salientaram no campo militar, destaca-se Pedro Francisco ( Peter Francis ) distinguido por George Washington.

No campo científico sobressai a figura de Abade Correia da Serra, natural de Serpa, e co-fundador da Academia de Ciências de Lisboa, e amigo de Benjamim Franklin, em cuja casa tinha um quarto reservado para as suas estadias.

Após a Independência dos EUA (1776), a marinha portuguesa até 1807 efectuou diversas acções de protecção dos seus navios comerciais ao longo da costa portuguesa e no Estreito de Gibraltar, nomeadamente contra os piratas muçulmanos do Norte de África.

Século XIX. A presença de portugueses na costa Oeste começa a fazer-se sentir a partir da 2ª. metade do século XVIII, ligados sobretudo a actividades pesqueiras (pesca da baleia) e agricolas. O primeiro europeu a fixar-se na região onde actualmente existe a cidade de Los Angeles foi o português, António José Rocha, no ano de 1814. Neste século, os principais núcleos de portugueses concentram-se em San Francisco, Monterey, San Diego, Oakland, San Leandro, Hayward, Los Angeles, San José, etc.

Os mais importantes núcleos de portugueses na costa leste, durante o século XIX, estavam concentrados na região de Nova Iorque (New Bedford, Fall River, etc).

A emigração massiva de portugueses para os EUA ocorreu entre 1820 e 1872, quando entraram nos EUA 379.130 imigrantes. No Havai no final do século XIX e princípio do século XX, formou-se também uma assinalável comunidade (consultar).

Século XX.

John Roderigo dos Passos (1896-1970)

Célebre escritor norte-americano filho de um português, natural da Madeira, Ponta do Sol. Nunca perdeu a sua ligação à terra do pai, tendo feito diversas visitas a Portugal (1905, 1921, 1960, 1967). O último livro que escreveu foi justamente "A História de Portugal", para a qual fez uma vasta pesquisa no país.

Na sua vasta bibliografia destaca-se: Iniciação de um homem (1919), a trilogia USA: Paralelo 42 (1930), 1919 (1932) e Dinheiro Graúdo (1936).


Durante a 2ª. Guerra Mundial dá-se uma aproximação político-militar de Portugal e dos EUA, sendo-lhes facultada a instalação de uma base militar nos Açores (1943). Portugal participa também na criação da NATO/OTAN (1949), uma aliança militar liderada pelos EUA. Em 1951 assinam dois importantes acordos bilaterais de defesa e de auxílio mútuo.

A questão que dividia os dois países era a questão colonial. O primeiro conflito ocorreu em 1954, quando os EUA se recusaram a condenar a União Indiana pela anexação dos enclaves portugueses de Dadrá e Nagar-Aveli.

Durante as guerras coloniais (1961-1974), a posição dos EUA oscilou bastante nas suas posições. Em 1961 John F. Kennedy (1917-1963) assume uma clara posição anti-colonial, condenando a continuação das colónias portuguesas. É decretado um embargo à venda de armas a Portugal. Neste ano ocorrem uma sucessão de acontecimentos que tornaram irreversível o processo: A União Indiana anexa Goa, Dão e Diu, os EUA recebem o lider das UPA (Holden Robert), princípia a guerra em Angola, exilados portugueses numa acção de grande mediatismo internacional tomam de assalto um paquete (Santa Maria) e um avião, etc.

A reacção portuguesa não se fez esperar, ameaçando desde logo expulsar os EUA da Base das Lajes dos Açores, uma peça fundamental na sua estratégia de defesa global. Em 1962, Kenedy é forçado a mudar a sua política, adoptando uma atitude muito contida sobre as colónias portuguesas em África. Os presidentes que lhe seguiram seguiram a mesma atitude de contenção. Portugal em troca, estabeleceu um novo acordo de cedência da Base das Lajes (1971), durante a guerra Israel-Árabe (Guerra do Yom Kippur), em 1973, permitiu que o auxilio americano fosse feito através do país, etc.

Depois do 25/4/1974, os EUA ficam em pânico com a influência que o PCP e a União Soviética desfrutaram durante dois anos em Portugal. Entre outras acções, apoiam movimentos separatistas nos arquipélagos da Madeira e dos Açores. Passado este período conturbado as relações entre os dois países são reforçadas, não apenas em termos político-militares, mas também culturais e económicos. Em 1985 é criada a FLAD. A adesão de Portugal à CEE (actual UE), em 1986, veio retirar a esta aliança muita da sua importância anterior.

Em relação a Angola, os EUA adoptam em 1974 uma desastrada política que irá contribuir para lançar esta região de África num caos. Decidem expulsar o MPLA (marxista), apostando na destabilização e fragmentação deste país, investindo primeiro na FNLA / ZAIRE e depois na UNITA.

Comunidade portuguesa. A imigração portuguesa para os EUA manteve-se muito elevada até ao final dos anos 20. Entre 1901-1910: 69.140 emigrantes; 1911-1920: 89.732; 1921-1930:c.30.000. Depois da crise de 1929, foram tomadas medidas muito restritivas contra a emigração. Os candidatos, por exemplo, tinham que saber inglês falado e escrito. O número de emigrantes portugueses desceu entre 1931 e 1950 para cerca de 10.750.

A segunda vaga de emigração, depois do século XIX, ocorreu na sequência da erupção do vulcão dos Capelinhos (1957), na Ilha do Faial, Açores. Os então senadores John F. Kennedy do Massachusetts (futuro presidente) e John O. Pastor de Rhode Island lideraram um processo de concessão de vistos para as famílias afectadas pelo vulcão. Entre 1958 e 1965 cerca de 15.000 açorianos do Faial emigraram para os EUA. Este acontecimento provocou uma mudança das leis da emigração deste país. Calcula-se que em consequência destas mesmas, entre 1960 e 1980 cerca de 180.000 portugueses tenham emigrado para os EUA (metade destes emigrantes eram açorianos).

Não existe um único Estado norte-americano sem portugueses. Embora nas últimas décadas a comunidade esteja em em franca regressão, o seu número é ainda muito expressivo nos seguintes Estados: Na costa Leste estados de Massachusetts, Rhode Island, New Jersey, Florida, Connecticut, New York e Washington. Na costa Oeste, no Estado da Califórnia, onde a comunidade é muito activa. Fora do continente destaca-se o Hawaii.

Um número significativo de cientistas portugueses tem-se fixado nas últimas décadas nos EUA, onde desenvolvem uma actividade de projecção internacional, como é o caso de António Damásio. É também muito significativo o número de teses de doutoramento sobre assuntos portugueses realizados nas universidades norte-americanas.

Séc. XXI. As acções militares que envolvem os dois países inscrevem-se regra geral no quadro de decisões tomadas pela ONU ou a NATO, e só muito raramente resultam de acordos bilaterais. O apoio à última Invasão do Iraque, por George Bush, parece ter sido uma excepção, motivada pelo envolvimento inicial da Espanha.

Nas bibliotecas e museus norte-americanos encontra-se vastos espólios representativos da cultura portuguesa.
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