I República 1910 a 1926 A República Velha
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I República
1910 a 1926
A República Velha
Manuel de Arriaga
Manuel de Arriaga
Nasceu a 8 de Julho de 1840 e faleceu a 5 de Março de 1917. Advogado distinto, poeta, escritor e antigo deputado.
N. na cidade da Horta, na ilha do Faial; era filho de D. Sebastião de Arriaga Brum da Silveira e de D. Maria Cristina de Arriaga Caldeira.
Matriculado no Universidade de Coimbra, na faculdade de direito, fez um curso brilhantíssimo, afirmando-se logo nas lições dos primeiros anos como tribuno, revelando as mais distintas qualidades oratórias a par de não menores qualidades de talento. Esta afirmação parte do segundo ano do curso, quando uma vez, como premiado, deu uma lição a respeito dos direitos do infante D. Miguel de Bragança, direitos que o jovem estudante, valendo-se de todos quantos argumentos pôde, combateu fortemente. Desde os primeiros anos da sua mocidade, habituou-se a um incessante e aturado trabalho, leccionando em Coimbra, conseguindo assim a muito custo, não só fazer a sua formatura, como ainda auxiliar seu irmão mais novo até ao 3.º ou 4.º ano. Terminando o curso, o Dr. Manuel de Arriaga veio para Lisboa e abriu banca de advogado, e, com a fama que já o acompanhava, facilmente se tornou bem conhecido pelas causas de que se encarregava com a maior felicidade, sendo considerado como um dos melhores advogados de Lisboa. A sua fama de tribuno também se tinha acentuado de forma que a cidade do Porto o mandou convidar para orar num comício, ao que ele acedeu, sendo na cidade invicta o alvo das mais vivas demonstrações de simpatia. O Dr. Manuel de Arriaga apresentou-se num concurso para a 10.ª cadeira da Escola Politécnica, e publicou em 1866 a sua dissertação: Sobre a unidade da família humana debaixo do ponto de vista económico. Fez concurso também para uma cadeira de história no actual Curso Superior de Letras, mas foi preterido por outro candidato. Durante alguns anos regeu a cadeira de inglês no Liceu de Lisboa, onde exerceu com distinção várias comissões; foi um dos vogais da comissão criada por decreto de 26 de Agosto de 1876, para a reformada instrução secundária, e o seu projecto ficou aprovado na generalidade pelo conselho do liceu; está inserto na colecção de respostas mandada publicar pelo governo no ano de 1877. Ao congresso jurídico reunido em 1889, celebrando as suas sessões plenárias na sala da biblioteca da Academia Real das Ciências, apresentou o relatório de que fora relator: These – O systema penitenciario, quando exclusivo e único, abrangerá os phenomenos mais importantes da criminalidade, e não os abrangendo, converter-se-ha, numa instituição contraproducente e nefasta? O relatório foi publicado nesse referido ano.
O Dr. Manuel de Arriaga pertence ao partido republicano, a que tem prestado os mais relevantes serviços. É um dos seus propagandistas mais entusiastas e eloquentes, e por diversas vezes tem sido eleito deputado. Os seus discursos são notáveis, não só pelo brilho e elegância da forma, como pela grande elevação das ideias. Sendo eleito pela ilha da Madeira, advogou tão acertadamente os interesses daquele círculo, que os madeirenses declararam que havia muitos anos não tinham tido em cortes representante mais desinteressado e dedicado. Tem escrito muitas poesias apreciáveis, estando umas publicadas e outras ainda inéditas. Também escreveu uma dissertação sobre a necessidade da intervenção das ciências naturais na história universal dos povos para assentá-la em bases positivas e dar-lhe um carácter verdadeiramente científico, a qual foi publicada em 1878. A política e a advocacia o têm distraído da sua grande vocação para as letras. Não há um só clube, uma só associação democrática, em que o Dr. Manuel de Arriaga não tenha orado nas suas sessões, sendo sempre escutado com o maior interesse. Também está publicado o discurso que o distinto orador proferiu na câmara dos deputados, na sessão de 23 de Junho de 1890, sobre a questão inglesa.
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Manuel de Arriaga
Nasceu a 8 de Julho de 1840 e faleceu a 5 de Março de 1917. Advogado distinto, poeta, escritor e antigo deputado.
N. na cidade da Horta, na ilha do Faial; era filho de D. Sebastião de Arriaga Brum da Silveira e de D. Maria Cristina de Arriaga Caldeira.
Matriculado no Universidade de Coimbra, na faculdade de direito, fez um curso brilhantíssimo, afirmando-se logo nas lições dos primeiros anos como tribuno, revelando as mais distintas qualidades oratórias a par de não menores qualidades de talento. Esta afirmação parte do segundo ano do curso, quando uma vez, como premiado, deu uma lição a respeito dos direitos do infante D. Miguel de Bragança, direitos que o jovem estudante, valendo-se de todos quantos argumentos pôde, combateu fortemente. Desde os primeiros anos da sua mocidade, habituou-se a um incessante e aturado trabalho, leccionando em Coimbra, conseguindo assim a muito custo, não só fazer a sua formatura, como ainda auxiliar seu irmão mais novo até ao 3.º ou 4.º ano. Terminando o curso, o Dr. Manuel de Arriaga veio para Lisboa e abriu banca de advogado, e, com a fama que já o acompanhava, facilmente se tornou bem conhecido pelas causas de que se encarregava com a maior felicidade, sendo considerado como um dos melhores advogados de Lisboa. A sua fama de tribuno também se tinha acentuado de forma que a cidade do Porto o mandou convidar para orar num comício, ao que ele acedeu, sendo na cidade invicta o alvo das mais vivas demonstrações de simpatia. O Dr. Manuel de Arriaga apresentou-se num concurso para a 10.ª cadeira da Escola Politécnica, e publicou em 1866 a sua dissertação: Sobre a unidade da família humana debaixo do ponto de vista económico. Fez concurso também para uma cadeira de história no actual Curso Superior de Letras, mas foi preterido por outro candidato. Durante alguns anos regeu a cadeira de inglês no Liceu de Lisboa, onde exerceu com distinção várias comissões; foi um dos vogais da comissão criada por decreto de 26 de Agosto de 1876, para a reformada instrução secundária, e o seu projecto ficou aprovado na generalidade pelo conselho do liceu; está inserto na colecção de respostas mandada publicar pelo governo no ano de 1877. Ao congresso jurídico reunido em 1889, celebrando as suas sessões plenárias na sala da biblioteca da Academia Real das Ciências, apresentou o relatório de que fora relator: These – O systema penitenciario, quando exclusivo e único, abrangerá os phenomenos mais importantes da criminalidade, e não os abrangendo, converter-se-ha, numa instituição contraproducente e nefasta? O relatório foi publicado nesse referido ano.
O Dr. Manuel de Arriaga pertence ao partido republicano, a que tem prestado os mais relevantes serviços. É um dos seus propagandistas mais entusiastas e eloquentes, e por diversas vezes tem sido eleito deputado. Os seus discursos são notáveis, não só pelo brilho e elegância da forma, como pela grande elevação das ideias. Sendo eleito pela ilha da Madeira, advogou tão acertadamente os interesses daquele círculo, que os madeirenses declararam que havia muitos anos não tinham tido em cortes representante mais desinteressado e dedicado. Tem escrito muitas poesias apreciáveis, estando umas publicadas e outras ainda inéditas. Também escreveu uma dissertação sobre a necessidade da intervenção das ciências naturais na história universal dos povos para assentá-la em bases positivas e dar-lhe um carácter verdadeiramente científico, a qual foi publicada em 1878. A política e a advocacia o têm distraído da sua grande vocação para as letras. Não há um só clube, uma só associação democrática, em que o Dr. Manuel de Arriaga não tenha orado nas suas sessões, sendo sempre escutado com o maior interesse. Também está publicado o discurso que o distinto orador proferiu na câmara dos deputados, na sessão de 23 de Junho de 1890, sobre a questão inglesa.
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